venda-se!

Um blogue de ensaio e erro sobre Economia.

Contacto

aputadasubjectividade
Pop Chula
buzina

26.6.03

Ah, e acabei um curso universitário. Viva eu.

Festival do Porto

Estou de férias. Não penso que sejam particularmente merecidas, mas vou aproveitar para mudar de ares durantes uns dias. O blogue segue dentro de momentos.



Esqueçam o caso Burmester e apareçam que deve ser bom.

Nota

Durão Barroso disse que ninguém seria despedido numa primeira fase. Certo?

25.6.03

Lembrei-me de uma

O final das progressões automáticas das carreiras, independentemente do sistema alternativo que vier a vigorar (pode-se sempre melhorar), é uma boa ideia.

Entrada na Silly Season: Os Fogos Florestais

Mito de Silly Season ou não, é um problema. E os direitos de propriedade não têm tido grande resultado. Alguns dos pontos que o João refere até podem ser verdade, nós também temos as nossas seasons of the shark, mas aqui vai a minha contribuição para o mito.



As razões pelos vistos são várias, algumas naturais:

- Condições climatéricas adversas durante o Verão, na maior parte do País, com elevadas temperaturas e baixa humidade atmosférica;
- O mau ordenamento de muitas áreas florestais, que em grande parte são constituidas por povoamentos puros de resinosas, altamente inflamáveis;
- Acumulação excessiva de vegetação arbustiva no interior e na orla dos povoamentos, devido à fraca utilização da lenha pelas populações rurais, que têm diminuido drasticamente por emigração, com consequente incúria no manejo das matas;
- A falta de caminhos florestais, ocasionando dificuldades de acesso ao interior das matas;
- A falta de reservatórios de água para aprovisionamento das brigadas de combate a fogos;
- A negligência, resultado da ignorância, e o dolo, resultado da ganância de especuladores em negócios de madeira e de solos urbanizáveis.


Entretanto, e para fechar o telejornal com uma notícia mais leve, parece que já temos árvores de interesse público.

A classificação “de interesse público” atribui ao arvoredo um estatuto similar ao do património construído classificado.
As árvores e os maciços arbóreos classificados de interesse público constituem um património de elevadíssimo valor ecológico, paisagístico, cultural e histórico, em grande medida desconhecida da população portuguesa.
Quantos portugueses sabem que no seu país se encontra a árvore mais alta de toda a Europa?
Quantos tavirenses conhecem a vetusta oliveira de Pedras de El Rei, cuja idade foi medida em mais de 2000 anos, sendo portanto anterior à era cristã?
Imaginam os lisboetas que se cruzam diariamente com dezenas de árvores notáveis que testemunharam acontecimentos decisivos da história de Portugal?


São mais interesse público (e riqueza nacional) que a produção actual da RTP. A conversa chata das externalidades fica para outro dia.

Is Bush a Liar or Just a Moron?

Como não tenho nada de interessante para escrever sobre a semi-reforma da função pública – ao que parece vão introduzir uns quantos estrangeirismos para as tarefas de sempre, dizer que agora o serviço de atendimento é CRM, soltar alguns fluxos de informação pelas repartições fora, criar sinergias (sem despedir ninguém!), permitir o empowerment aqui e ali; obrigar as senhoras velhotas a preparar uns briefings, antes dos seus assessments (agora externos e independentes), com base no benchmarking, para depois só serem usados se os candidatos e as candidatas pertencerem ao grupo de sueca do chefe ou da mulher do chefe, respectivamente* – vou citar mais coisas feias sobre Bush.

It's often said that Bush has the virtue of self-awareness, that he knows what he doesn't know. That's probably true. But if it is true, then Bush really oughtn't to go around making sweeping statements that he hasn't made any effort to verify. When these statements turn out to be untrue, Bush's feigned certainty alone justifies calling these statements lies. They may not be the sort of lies a clever person (say, Bill Clinton) would tell. Indeed, many left-of-center commentators (Paul Krugman and Eric Alterman come to mind) refuse to admit that Bush is dumb, presumably because they fear that would make it impossible to hold him accountable for terrible things that he and his administration do. (Many felt the same way about Reagan.) But there's no reason Bush can't be thought of as both stupid and a liar. As Slate's Michael Kinsley has noted, Bush's lies are typically lies of laziness: "If telling the truth was less bother, [he'd] try that too."
Saying that Bush lacks much on the ball does not mean that he never lies the way clever people do. Surely, for instance, Bush is aware on some level that it has yet to be proved that Saddam Hussein had chemical and biological weapons stashed away prior to the war. In addressing this question, Rosenbaum let Bush off the hook by focusing on what he said before the war began, e.g., "Intelligence gathered by this and other governments leaves no doubt that the Iraq regime continues to possess and conceal some of the most lethal weapons ever devised." Like Rosenbaum, Chatterbox is eager to cut Bush some slack on this, if only because Chatterbox, too, was convinced prior to the war that the presence of biological and chemical weapons had been proved. (Click here and here to read two columns Chatterbox now wishes he'd never written.) But Rosenbaum never considered what Bush said on Polish television after the war ended:
"We've found the weapons of mass destruction. You know, we found biological laboratories. You remember when Colin Powell stood up in front of the world and he said Iraq has got laboratories, mobile labs to build biological weapons. They're illegal. They're against the United Nations' resolutions and we've so far discovered two. And we'll find more weapons as time goes on."
In fact, it has yet to be proved that the two mobile labs were used (or even designed to be used) to build biological weapons. It isn't possible that Bush fails to grasp that. So, why did he say something so obviously untrue? Chatterbox posed the question to The Nation's David Corn, who has written extensively on the question of Bush's veracity. In Corn's view, the key to Bush's lies isn't necessarily that he doesn't know any better, but that he doesn't care. "He mischaracterizes situations to fit his pattern of thinking," Corn explained. "Does he believe he's lying? I don't know." But "he still should be held accountable, whether he made a mistake of this nature in good faith or in bad faith." Amen.


* Eu avisei que não tinha nada de interessante para escrever, mas ainda assim queria aqui lamentar o meu fraco desempenho na paródia à gestão empresarial. Há uma justificação triste. Como estudante de economia fugi sempre a sete pés de todas as hipóteses que tive para conhecer melhor o mundo empresarial. Eram cadeiras (ninguém disse que não era uma hipótese remota) estranhas, muitas vezes sem matemática mas com uma dose absurda de setinhas e círculos à volta de palavras. Talvez estivesse enganado, talvez até me safasse, mas neste momento a verdade é que vocês não me quereriam na vossa empresa.

24.6.03

Pendente

Fiquei de descobrir até que ponto a evasão fiscal explica os nossos baixos valores de produtividade. Ainda não tive tempo para verificar o que escrevi nos comentários, caro AF. As minhas desculpas.

Tristes Verdades

In recent days, George W. Bush has accused those asking awkward questions about the whereabouts of Saddam Hussein's weapons of mass destruction of rewriting history. "We made it clear to the dictator of Iraq that he must disarm," Mr Bush said last week. "He chose not to do so, so we disarmed him. And I know there's a lot of revisionist history now going on, but one thing is certain. He is no longer a threat to the free world and the people of Iraq are free."
But if anyone is revising history, it is the US president. Iraq's WMD programme was the test case for Mr Bush's doctrine of pre-emption. The Iraqi threat was "grave and growing", Mr Bush declared. "Intelligence gathered by this and other governments leaves no doubt that the Iraqi regime continues to possess and conceal some of the most lethal weapons ever devised," he warned on the eve of war.
"We know where they are," said Donald Rumsfeld, the defence secretary, as US and British forces advanced into Iraq. But 90 days after the main fighting ended, US forces have yet to find a single chemical artillery shell, litre of anthrax or uranium enrichment facility. Lieutenant-General James Conway, the senior US marine in the Iraq region, has explained the failure to find any weapons by concluding that "we were simply wrong".
Yet rather than asking why US intelligence was wrong, Mr Bush now claims that the war was about freeing the Iraqi people. No doubt Iraqis are better off without Mr Hussein. But even a staunch supporter of the Iraq war such as Paul Wolfowitz, the deputy defence secretary, has agreed that Mr Hussein's misrule "by itself [was] not a reason to put American kids' lives at risk".
Mr Bush's impatience with those who want to know why his forces have not found WMD is shortsighted. In a democracy, it matters whether the people can believe what their leaders tell them. If the facts on the ground do not match what leaders say, the consequences can be profound. The Vietnam war showed how difficult it is to close the credibility gap once it has opened up.


O resto do artigo explora algumas consequências sobre a credibilidade da política externa americana dum possível falhanço em explicar o que aconteceu às armas anunciadas.
Eu continuo à espera. Para aqueles que pensam que a intervenção no Iraque seria justificável independentemente da existência das WMD que a administração Bush anunciou, não se preocupem. Este argumento não foi para vos convencer. Pode ser que, da próxima vez, se use o mesmo método para algo que vos preocupe mais. As possibilidades são imensas.

23.6.03

Amanhã é dia de reforma!

Li recentemente o Programa de Estabilidade e Crescimento (faculdade oblige). É bom constatar, mais uma vez, que o raio do documento não serve apenas para anunciar previsões irrealistas para o crescimento económico e para a evolução do défice e da dívida.

RTP para quê?

O Mata-Mouros arrasa a RTP. Não sou contribuinte mas como os meus pais são particularmente distraídos, fico eu indignado. E nem falou do absurdo da taxa de televisão (1,6 €) incluída na conta da luz.
Quem não se lembra daquela musiquinha triste do não desligue, que passou durante um dos tempos mais escandalosos da televisão em Portugal. Num mundo perfeito ouvir-se-ia essa música durante a leitura do post do Mata-Mouros.

Uma nota final. Não me parece difícil descortinar algumas características de bem público no serviço da RTP. No entanto, a provisão deste bens não implica a produção pública. Muito menos uma produção pública ruinosa. Algo devia mudar.

Mais sobre o caso da dívida do Iraque: perspectiva histórica

(texto nos comentários)

Reforma Agrícola adiada (outra vez)

"The current proposal from the Commissioner is not acceptable," he said (Chirac). "It is not accepted by France. This means everyone has to move, including the Commissioner."

É por estas e por outras que todas as votações europeias deveriam ser feitas através da regra da maioria (simples, qualificada, ultra-qualificada... há espaço para tudo). Mas não, não vamos impor consensos pouco democráticos sobre a pobre da França.

Socially Responsible Investing

"Socially responsible investing" (SRI) is a method of investing that is best known for screening stocks for their social or environmental characteristics, as opposed to their financial performance. Thus, an SRI investor can avoid buying – and supporting – companies that are felt to harm whatever social values held dear by the investor. Or, the investor can get rid of those already owned – a process known as divesting. Much less known is another SRI strategy called "shareholder advocacy" or "shareholder activism." This strategy involves leveraging equity in a company to influence its social behavior. An SRI investor may own many shares, or buy only a nominal amount just to be able to introduce shareholder resolutions aimed at changing a company's social or environmental policies and actions.
A third SRI strategy is community investing, in which often lower-than-market returns are offered to make funds available to help the "poorest of the poor" in areas such as affordable housing, small business, and community development. This segment of SRI is relatively minuscule.


Isto interessa-me muito. Se seguirem o link vão encontrar um livro pormenorizado sobre o assunto.
Li recentemente numa entrevista a Milton Friedman, no Finantial Times, algo do género: sempre que o objectivo duma empresa não é maximizar o lucro, estamos a caminhar para o Socialismo. Esta posição de Friedman não é nova. Eu não penso que seja bem assim, mas de qualquer forma, aqui não há grandes alternativas. Estes comunas são os donos da empresa. E os direitos de propriedade são para respeitar.
Enfim, de repente fiquei com muito para ler.

22.6.03

Ideia para um negócio II

Empresa que cuide dos interesses de grupos de accionistas com objectivos comuns, representando-os e informando-os. Permitiria uma maior coordenação das decisões dos accionistas o que por sua vez, levaria a um controlo mais eficaz da actividade empresarial. Um exemplo próximo é o de uma empresa de gestão de condomínios. Serve os interesses de diversos grupos de condóminos, concentrando-se nos aspectos mais técnicos e práticos, com importantes economias de escala que garantem uma gestão mais professional.

Exemplos:

- Directamente dos Estados Unidos, um exemplo duma empresa que se dedica exclusivamente a investimentos "cristãos":

Christian Brothers Investment Services (CBIS) manages approximately $3 billion for Catholic organizations seeking to combine faith and finance through the responsible stewardship of Catholic assets. CBIS' combination of premier institutional asset managers, diversified product offerings, and careful risk-control strategies constitutes a unique investment approach for Catholic institutions and their fiduciaries. CBIS strives to integrate faith-based values into the investment process through a disciplined approach to socially responsible investing that includes principled purchasing (stock screens), active ownership strategies (proxy voting, dialogues, and shareholder resolutions) and community investment. The firm contributes a portion of all profits to support the Church's educational and social ministry.

Fórum Social do Investidor

Uh. Há mais aqui. E aqui. E mais uns quantos links. Isto tem que ser muito bem estudado.

Oh boy!

Encontrei um exemplo português, em Viana do Castelo.
É já no próximo dia 26 de Julho. Vão lá rapazes! E façam bom proveito, a velocidade é giiiira.
Libertem o Ayrton Senna que há dentro de vós!

Ideia para um negócio

De madrugada, e especialmente ao fim-de-semana, a minha rua parece um autódromo de corridas. Ás vezes também aparece a polícia judiciária para brincar. Querem uma ideia para um negócio potencialmente lucrativo? Não sei se já há em Portugal, mas tenho a certeza que há no estrangeiro: remodelem um autódromo velho, com ambulâncias, segurança, comes e bebes, até um pequeno hotel; de preferência nas redondezas de Lisboa. Façam descontos de grupo e autorizem as pessoas a correr lá com os seus carros kitados. Organizem campeonatos regulares e grandes festas para os amigos do tunning. Se quiserem até podem reproduzir um circuito urbano com corridas à noite. Há por aí muitas ruas abandonadas.

Os atrasados mentais que andam por aqui à noite que se estampem por lá.

Sigam o exemplo do Reino Unido.

21.6.03

Acabo de acrecentar uma quantidade estúpida de links para outros blogues. Infelizmente ainda não acabei. Aliás, sei agora que nunca vou acabar...
Serve este post para agradecer a todos os autores dos blogues que leio e para pedir desculpa aos que ainda não têm link.

Hoje escrevi aqui.

20.6.03

Portugal foi o país que mais cresceu entre 1965 e 1995 (via Mar Salgado)

Notícia interessante. Apenas dos países desenvolvidos e a metodologia é nova, mas ainda assim, registo impressionante.
Na globalidade - 49 países analisados - há 3 que cresceram mais que nós. Apesar de terem indicadores muito próximos à realidade portuguesa, no estudo não pertencem ao grupo dos países desenvolvidos. A razão:

The classification into groups of developed and developing countries inevitably involves some degree of arbitrariness. We try to do so in a way that does not bias the aggregate results in our favor. If anything, our grouping will work towards reducing longevity convergence between developing and developed countries. This is because our developed countries include countries such as Portugal, Spain, Greece, and Ireland, that were not developed in the 1960’s and that experienced impressive life expectancy gains in the period. (pp. 16, o negrito é meu)

Se olharmos para os países que nos superaram, percebemos que são casos especiais. Economias muito pequenas e muito abertas: um centro túristico e dois centros financeiros. São eles Singapura, Malta e Hong-Kong. Tendo isto em conta, podemos concluir que somos mesmo os maiores.
E que mal se vivia em 1965.

Vem Bill Gates, por favor...

I just got back from a press conference sponsored by United for a Fair Economy and Americans for a Fair Estate tax. Bill Gates (Sr.) made a very compelling case for keeping the estate tax arguing that one important reason that the super-wealthy have been able to make/keep vast sums of money is that they are fortunate enough to live in America. And, as good Americans, they owe some of their wealth to the country that made it possible for them to become so wealthy. (Li aqui.)

Nice guy. Mesmo que seja só exibicionismo. Mesmo que seja apenas o warm-glow effect.

19.6.03

Eugénio Rosa, Economista

Um dia pedi, do alto da minha ingenuidade e após ter lido um artigo de opinião no Expresso, um estudo mais aprofundado sobre o agravamento das desigualdades e da pobreza em Portugal. Já não me recordo do artigo lido no conhecido semanário, mas vinha assinado: Eugénio Rosa, Economista. Penso que desmistificava que a produtividade dos trabalhadores portugueses fosse baixa e reclamava contra a contenção salarial proposta pelo governo. Era no entanto vago e como oferecia, após um contacto por email, o tal estudo mais aprofundado, fiquei curioso e pedi.
Li o estudo e encontrei diversas barbaridades. Entre outras, o autor, para demonstrar que as diferenças de produtividade não são culpa dos trabalhadores, comparou a produtividade dos dois trabalhadores duma sociedade de gestão de imóveis com a dos trabalhadores da Clarks. Depois olhou para o investimento por trabalhador e verificou que os valores eram muito superiores na primeira empresa. Conclusão “irrefutável”: as diferenças de produtividade são justificadas pelo investimento. Enfim…
Na altura cheguei a escrever um texto com algumas objecções (este é só um exemplo) para mandar ao senhor, mas como não eram pedidos comentários, pensei que estaria a abusar da minha posição. Apaguei o mail e esqueci o assunto.
Hoje recebi outro estudo, desta vez sem pedir. Ainda não li mas parece que versa sobre “Educação, Formação e Desenvolvimento”. Provavelmente lerei num futuro próximo, mas aqui fica a minha experiência que servirá de aviso. Da próxima vez que lerem numa assinatura Eugénio Rosa, Economista, leiam antes: Eugénio Rosa, Economista, CGTP.
Sempre ficam a saber o que vos espera.

Podem sorrir (via Angrybear)

Estive a ler algumas intervenções de ministros no parlamento. Uma delas, do ministro da economia, chamou-me a atenção. É bastante azeda. Custa-me a imaginar aquele simpático senhor que costumo ver na televisão a arrasar o parlamento. Aposto que se engasgou quando teve que dizer:

Quem está parado, isso sim, são alguns políticos da oposição para quem a melhor política é a política do "quanto pior melhor". São os que fazem a política da terra queimada.

ou

Por isso vos digo, a concluir: aceitamos todos os conselhos e críticas que sejam construtivos e responsáveis. Não aceitamos as críticas de quem fala mais alto ou faça mais demagogia, mas as críticas de quem tenha feito melhor

Duvido que seja tão bom como a deliciosa dança do parlamento inglês, mas gostava de assistir a uma sessão in loco do nosso parlamento.

18.6.03

Será que a democracia italiana precisava de imunidade para os seus 5 principais titulares de cargos públicos?

(Enfim, ainda tem que ser aceite pelo presidente.)

Será o Mercado Ibérico de Electricidade bom?

(Quase de certeza que sim.)

Irá o Novo Código do Trabalho funcionar?

(Eu acho que sim).

Will the Tax Cut Work?

Robert Shapiro explora como se poderá avaliar o impacto dos cortes de impostos propostos por Bush.

The better question about the tax cuts is: Will they enable the economy to grow noticeably faster than the expected 3.6 percent next year? That could be tough: The CBO found that the president's original tax proposals—more far-reaching than those finally approved—would have scant impact on 2004 growth. The changes that passed are just very small in an $11 trillion economy—$49 billion this year and $135 billion in 2004. Still, if growth surpasses 3.6 percent, the president's supporters will credit it to his tax policy. (...)
Whatever the long-term costs, the dilemma for opponents of the policy is that in the short run, tax cuts leave nobody worse off—not even the low-income families locked out of the higher child credit—and lots of people get a little more post-tax income. President Bush only has to make the tax cut look good until November 2004. The rest of us will have to bear it for years.

Pop Economics II

Correndo o risco de levar na cabeça por estar a falar de Keynesianismo, esta história é muito engraçada:

The story is told in an article titled "Monetary Theory and the Great Capitol Hill Baby-Sitting Co-op Crisis." Joan and Richard Sweeney published it in the Journal of Money, Credit, and Banking in 1978. (...)
The Sweeneys tell the story of--you guessed it--a baby-sitting co-op, one to which they belonged in the early 1970s. Such co-ops are quite common: A group of people (in this case about 150 young couples with congressional connections) agrees to baby-sit for one another, obviating the need for cash payments to adolescents. It's a mutually beneficial arrangement: A couple that already has children around may find that watching another couple's kids for an evening is not that much of an additional burden, certainly compared with the benefit of receiving the same service some other evening. But there must be a system for making sure each couple does its fair share.
The Capitol Hill co-op adopted one fairly natural solution. It issued scrip--pieces of paper equivalent to one hour of baby-sitting time. Baby sitters would receive the appropriate number of coupons directly from the baby sittees. This made the system self-enforcing: Over time, each couple would automatically do as much baby-sitting as it received in return. As long as the people were reliable--and these young professionals certainly were--what could go wrong?
Well, it turned out that there was a small technical problem. Think about the coupon holdings of a typical couple. During periods when it had few occasions to go out, a couple would probably try to build up a reserve--then run that reserve down when the occasions arose. There would be an averaging out of these demands. One couple would be going out when another was staying at home. But since many couples would be holding reserves of coupons at any given time, the co-op needed to have a fairly large amount of scrip in circulation.
Now what happened in the Sweeneys' co-op was that, for complicated reasons involving the collection and use of dues (paid in scrip), the number of coupons in circulation became quite low. As a result, most couples were anxious to add to their reserves by baby-sitting, reluctant to run them down by going out. But one couple's decision to go out was another's chance to baby-sit; so it became difficult to earn coupons. Knowing this, couples became even more reluctant to use their reserves except on special occasions, reducing baby-sitting opportunities still further.
In short, the co-op had fallen into a recession. Since most of the co-op's members were lawyers, it was difficult to convince them the problem was monetary. They tried to legislate recovery--passing a rule requiring each couple to go out at least twice a month. But eventually the economists prevailed. More coupons were issued, couples became more willing to go out, opportunities to baby-sit multiplied, and everyone was happy. Eventually, of course, the co-op issued too much scrip, leading to different problems...
If you think this is a silly story, a waste of your time, shame on you. What the Capitol Hill Baby-Sitting Co-op experienced was a real recession. Its story tells you more about what economic slumps are and why they happen than you will get from reading 500 pages of William Greider and a year's worth of Wall Street Journal editorials. And if you are willing to really wrap your mind around the co-op's story, to play with it and draw out its implications, it will change the way you think about the world.

Não é curioso que as mesmas pessoas que dizem que a actividade do governo é perversa devido a elevados défices de informação, encontrem de vez em quando um estudo que demonstra que a alternativa (mais liberal) tem resultados superiores? Em que é que ficamos? Das duas uma, ou o liberalismo é um conjunto de regras muito simples, um conjunto de princípios, um dos quais a rejeição da capacidade de entender o mercado. Ou voltamos à confusão liberalismo = eficiência que tem sido desmontada (teoricamente) nos últimos 50 anos.
Fiquem-se pela fé. Até eu acho que o mercado de concorrência perfeita (quando existe) é a melhor de todas as alternativas.

17.6.03

Pop Economics

Iniciei a leitura de Pedddling Prosperity de Paul Krugman. Um livro sobre o mau uso da economia nas decisões políticas e outras histórias. Vou escrevendo sobre o mais interessante. Para já uma citação bastante actual:

"But economics is not astronomy, because its conclusions have a direct impact on government policies that affect almost everyone. In an ideal world this would mean that large numbers of people would care about economics enough to study it closely. In our imperfect world it means that people care about economics only enough to know what they want to believe."

Voting rights

Este assunto interessa-me bastante. Qual será o papel dos accionistas num futuro próximo? Cada vez mais as grandes empresas parecem estados emergentes.

Big US companies are apparently upset by demands that their shareholders should be given a greater say in picking who serves on corporate boards. The Business Roundtable, a blue-chip lobbying group, has urged the Securities and Exchange Commission to resist proposals for a rule change that would allow shareholders' nominees for directorships to appear on proxy ballot papers. The idea, they say, would "substantially disrupt corporate affairs", result in significant extra costs and deter qualified individuals from seeking a place on a company's board.
This corporate outrage at the latest attempt to introduce more accountability into US boardrooms has a nice touch of Louis XIV about it. Who on earth do these shareholders think they are? Before we can say "executive benefits", they will start behaving as though they own the company.


Texto engraçado, não? Até a Economia pode ter piada.

Escândalo na Comissão Europeia

É saudável ver a justiça a trabalhar. Sinto o mesmo prazer (prazer?) quando é descoberto um escândalo privado.

16.6.03

Mundo ruidoso

Li no Liberdade de Expressão que este site seria o melhor Weblog Colectivo do Mundo. Não sei se é um weblog (aliás, aproveito para referir que o Blogs em Pt tem vindo a adicionar sites que não são blogs...), mas passem os olhos pela análise dum possível impeachment de Bush. São mais de 700 comentários.
Assustador...

Uma Música

Sabem aquela canção que gostariam que os professores pusessem a tocar antes dum exame? A música do Rocky, a música dos Momentos de Glória, partes de A Valquíria de Wagner. Aquela canção que vos animaria e permitira começar o exame a 100% (eu nunca atingo os 100%, enfim..).

YEAH YEAH YEAHS - Y CONTROL

Professores: Se me estão a ler, façam lá o jeitinho. Falta-me um exame para acabar o curso.

Euro 2004 e Expo 1998

O João Miranda, do Liberdade de Expressão e o NMP do Mar Salgado, discutem os efeitos económicos dos grandes projectos. O João alerta para o verdadeiro custo dos estádios de futebol (o que se deixa de fazer para organizar o Euro), enquanto que NMP foca as externalidades dum projecto desta envergadura (sobre o turismo, sobre a marca Portugal, etc.) e refere que teremos que esperar por um estudo posterior para poder concluir alguma coisa. Este estudo já está a concurso público (se o link não funcionar, a notícia).
Se bem me lembro, o estudo feito sobre a Expo 1998 pela Universidade Nova de Lisboa, teve um resultado positivo.
O NMP arrisca e diz que duvida que os benefícios ultrapassem os custos. Eu acredito que tudo irá correr bem . Não o melhor possível, mas bem. A este nível, duvidar está ao mesmo nível de acreditar. Até porque do estudo não sairá nenhuma verdade absoluta (só se for uma desgraça completa).

PS: Não deixa de ser curioso a comparação do João, com os Hospitais. Isto porque, vindo dum liberal Hayekiano, esperaria uma política do lado da oferta, algo do género: uma redução dos impostos pelo montante gasto com o EURO 2004. Provavelmente o argumento era apenas conceptual. Mas aqui entre nós, parece-me mais importante Escolas (formação a sério) que Hospitais (que poderiam depois ser pagos com os dividendos da formação).

Dívida Odiosa II

Richard Perle, the influential neo-conservative thinker, has put forward the idea that Iraqi debt should be cancelled, because this would punish bankers for lending to a "vicious dictatorship". This, astonishingly, puts him in the same camp as bleeding-heart liberals and radical anti-globalisers. But these extremes agree on a policy that is both unworkable and unnecessary.(...)
The idea that the debt of illegitimate regimes should be unenforceable is, at first glance, attractive. Lenders would know that loans to tyrants are un-enforceable. They would then either refuse to make the loans or impose costlier terms. Yet this idea is also unworkable. The difficulty lies in determining who judges whether a regime is illegitimate and on what criteria.
The US itself has happily watched international lending to Chile under Augusto Pinochet, to the Philippines under Ferdinand Marcos and to South Korea under Park Chung Hee. It could, of course, propound the simple principle that loans to tyrannies it dislikes should be unenforceable and vice versa. But the chances that this notion would be accepted by the rest of the world are smaller than Mr Perle may think they ought to be.
If the notion of odious debt were to be made the basis of a predictable and transparent international regime, the determination of a government's legitimacy would, instead, have to be handed over - Oh horrors! - to a multilateral organisation. There would have to be a sanctions regime under United Nations auspices. Even so, the principle could not be applied to loans made before the sanctions came into effect, as is now proposed for Iraq.(...)
Since Iraq's leading creditors are the Gulf states, Russia, Japan and the commercial banks, the bigger the cut in debt the more these opponents of the overthrow of Saddam Hussein will be punished. Mr Perle is dressing up US self-interest in the garb of morality. But the US should not pursue the idea of odious debt, since the precedent is certain to come back to haunt it. It should focus, instead, on obtaining the debt relief Iraq now needs.

Sei de fonte segura que Jill Braun é, ou será, homossexual.

Capoulas Santos sobre a agricultura portuguesa

É sempre simpático ver alguém defender as suas ideias.

Portuguese mortgage borrowers lord it up (texto nos comentários)

Exemplo perfeito de concorrência feroz entre empresas, com o objectivo de mais tarde aproveitarem o poder de mercado criado pela existência de custos de mudança (e talvez, economias de gama). Em Portugal.
Este é para si, Luís Cabral.

When you're looking for a mortgage loan in Portugal, banks make it more than clear they're pleased to see you.
They haven't yet started sending out limousines for prospective borrowers and Portugal is not big on cigars. But in almost every other respect, the humble home-buyer has come to expect the rock-star treatment.

14.6.03

Blog Hardcore

Direito e Economia. Interesse especial na Regulação e Defesa da Concorrência. Cita leis, livros e tratados. Vão preparados.

É engraçado ler num blog coisas sobre as quais fui avaliado umas horas antes.

13.6.03

A defesa dos ways of life de Oakeshott é uma forma de relativismo moral?

Alguém me pode ajudar? Alguém que já tenha estudado isto? Tenho curiosidade mas falta de tempo para procurar nos livros.

O editorial do Público, de José Manuel Fernandes, é sobre o fim da Coluna. Era boa altura para fazerem "republish" aos últimos arquivos.

12.6.03

The plot to kill Social Security

Bom, ainda não voto nas eleições americanas. Nem devia comentar isto. Os interessados leiam, é um artigo simples.


A imagem não deve perturbar ninguém. É o que se está a passar. Acreditem que - apesar de Bush não o ter admitido, como fez por exemplo Milton Friedman [governar é difícil...] - muitas pessoas acham que isto é bom.

Euro 2004

Eu fiquei feliz quando Portugal conseguiu o Euro 2004. Assisti em directo na televisão, ao almoço, e foi uma boa notícia. Entretanto foram surgindo notícias menos boas, além da consciencialização de que não seria o melhor para Portugal. Ainda assim, é importante referir as coisas positivas do Euro 2004. Agora tudo o que se passou é um custo afundado e todos beneficiamos que o Euro corra o melhor possível.
O estádio de Braga é um exemplo de algo positivo.

Antes:



Depois:

Portugal recebe 2 investimentos estrangeiros dentro em breve

Um grande investidor do sector automóvel deverá fazer um investimento adicional de 35 milhões de euros em Portugal, o que permitirá um acréscimo de 60 postos de trabalho, anunciou hoje o ministro da Economia, Carlos Tavares, durante a apresentação do Guia do Investidor.
O ministro revelou ainda que no próximo dia 26 será também assinado um outro contrato com a Visteon - uma empresa de componentes electrónicos, no valor de 50 M€ e que trará cerca de 30 projectos de investigação e desenvolvimento.
«Começamos a ter algumas decisões de investimento, o que nesta conjuntura é muito positivo, tendo em conta que tivemos muito adiamento de decisões por força da conjuntura internacional, das incertezas», disse Carlos Tavares.
O ministro revelou ainda que a Agência Portuguesa de Investimento (API) tem em análise cerca de 90 projectos, correspondentes a 2,5 mil M€ em novos investimentos.


As notícias sobre o investimento estrangeiro e a actividade da API são muito parecidas às da pré-epoca dum clube de futebol. Esperemos que não seja como no Benfica, isso significaria uma quantidade brutal de "mega-contratações" anunciadas e mais tarde abortadas.

A pobreza na televisão

Uma das críticas mais certeiras que podemos encontrar em Bowling for Columbine é a excessiva mediatização do medo por parte dos media americanos. Seja a season of the shark, as killer bees, as cobras, a delinquência juvenil, os terroristas islâmicos; tudo é noticiado e explorado nos telejornais americanos. Que interessam as estatísticas, que demonstram uma diminuição da criminalidade, e da grande maioria dos perigos que as pessoas enfrentam no seu dia-a-dia. Inquéritos nesse país mostram que as pessoas estão cada vez com mais medo, o que também se pode comprovar se tomarmos o que passa nas notícias como reflexo do interesse da audiência (gerando um processo auto-sustentado), ou se olharmos para o crescimento dos gastos em segurança pessoal, essencialmente redundantes.
É interessante confrontar com a situação portuguesa. O que vemos nós de forma exagerada nos telejornais? Essencialmente desgraças. Casos extremos de pobreza e miséria humana, por vezes apresentados sem qualquer réstia de pudor. Exageros típicos e bastante próximos da situação norte-americana. Apesar da pobreza ter vindo a diminuir e as dificuldades de hoje serem menores, comparadas com as de há uns anos atrás (até esta recessão foi uma brincadeira), o tempo dedicado à miséria não pára de aumentar.
E se nos Estados Unidos verificamos uma demonização de todos estes perigos, reais ou imaginários (como foi o caso das abelhas assassinas, curiosamente “africanas”); é de esperar que o mesmo aconteça em Portugal. E quando este medo da pobreza atingir níveis incomportáveis, as pessoas, inicialmente compreensivas e emocionáveis perante a miséria, procurarão o isolamento e evitarão o confronto com esta realidade. Se nos Estados Unidos grupos de pessoas fecham-se em subúrbios e condomínios cercados, por vezes, armados; em Portugal não tardará a acontecer o mesmo. Num país evita-se a "insegurança", noutro evitar-se-á a "miséria". Os pedintes, os do rendimento mínimo garantido e os outros; por agora ficam à porta das nossas casas, nas nossas cidades. Até serem expulsos de vez para um lugar incerto, e só os passarmos a ver através da televisão.

Bloguices

Já conto dois textos publicados na imprensa nacional, que já tinha lido em blogs. São praticamente iguais. Isso não se faz, meus senhores:

- Paulo Ferreira da Cunha
- Pacheco Pereira

Não vejo problema ético nenhum, mas fazem-me perder tempo.

11.6.03

É só mais um bocadinho, por favor



Compreendo o pedido de adiamento. Mas qual será a desculpa da próxima vez?

Entretanto, a solução para alguns dos problemas do sector das pescas na Europa:

Individual Transferable Quotas

Se a Comissão fosse independente, se houvesse vontade política... o problema estava resolvido.

Para mais informação sobre recursos naturais (e sobre uma série de outros problemas que as ITQs não resolvem), é favor consultar o excelente Resources for the Future.

Duas boas notícias

North Korea to expand private sector.

Scientists find modified foods are safe to eat. (Não encontro a notícia no site, mas está na edição em papel do Finantial Times)

Parece que ainda há algumas incertezas em relação aos efeitos sobre o ambiente no longo prazo, mas é uma notícia importante. Eu defendo que a catalogação destes produtos é essencial. Se fica muito caro para os países em desenvolvimento, justifica-se a comparticipação destes custos pela União Europeia, mas apenas aos pequenos agricultores. Finalmente, a conclusão apenas serve para os produtos testados. Os cientistas reclamam que se devem testar quaisquer novos produtos a ser introduzidos no mercado (até porque é o trabalho deles).

Coluna Infame

Infelizmente acabou. Quanto tempo faltará para surgir um projecto conservador, capaz de rivalizar com a ZonaNon e com a Causa Liberal? E, já agora, como o economicismo do NetEconomia.
Espero tranquilamente por novidades.

10.6.03

Parvónia na Europa

Sabia que o Luxemburgo foi obrigado a emitir dívida pública para cumprir os critérios de Maastricht?

PORTUGAL

Enquanto lanchava vi um pouco do Opinião Pública da Sic Notícias, sobre Portugal e o orgulho em ser português. Na Sic Radical também se passava o mesmo. Dos poucos minutos que vi, no canal de notícias assisti a um senhor a reclamar contra os jovens, enquanto reafirmava o seu orgulho por Portugal. No canal jovem, eram os apresentadores que reclamavam por não conseguirem descobrir motivos de orgulho.
Mas porquê racionalizar este assunto? Eu por exemplo tenho muito orgulho em ser português. Razões? Desconheço. Sinto-me bem aqui.
O estúpido é que eu tento acreditar que algumas pessoas têm orgulho na história de Portugal. Será que antes de dormir, ou antes dum exame internacional, pensam... Resistimos a mouros, espanhóis e franceses. Demos cabo de muitos outros. Defendemos a nossa pátria e mantivemos as nossas fronteiras. Abrimos novos caminhos pelo mundo. Ah, grande Portugal, tenho que continuar o bom trabalho.
Não sei, mas vou continuar a trabalhar. Isto hoje tem sido um caso de verdadeira blogorreia.

Foi você que pediu uma constituição Europeia?

O objectivo da constituição europeia é formalizar e simplificar o que já é hoje uma constituição. Vejamos, os tratados apresentam um conjunto de valores comuns, têm leis aplicáveis nos estados membros que estão mais próximas do direito doméstico que internacional, sendo de realçar a crescente importância do primado do direito comunitário. Tal como uma constituição, garantem aos cidadãos (europeus) uma série de direitos, estabelecem os poderes de instituições comunitárias e as relações entre as mesmas.
Poderíamos continuar o caminho para uma constituição composta por tratados, mas o que levantou a necessidade desta constituição, mais que os apelos de Joschka Fischer, foi a compreensão da complexidade desta tarefa, denotada nas tentativas de consolidação e simplificação que têm sido feitas.
Entretanto, em Outubro de 2000, o Parlamento Europeu aceitou, com 395 votos a favor e 105 contra, a adopção duma Constituição Europeia antes das eleições em 2004.
O Parlamento Europeu é directamente eleito pelos cidadãos. Há representatividade (pelo menos em princípio deveria haver). Foi você que pediu uma constituição europeia? Não, mas foi uma maioria europeia, representada nos 395 votos a favor.
A discussão é importante e está prevista no texto, mas é importante ter em atenção que o projecto de convenção europeia não é mais integracionista que o Tratado de Maastricht ou que o Acto Único Europeu; e não será necessariamente adoptado, tratando-se antes de um documento de trabalho. A discussão intergovernamental é também um dos pilares [é sempre cool falar de pilares quando se fala de construção europeia eheh] deste processo, lado a lado, com a discussão pública. E claro, tem que ser aprovado pelos parlamentos ou através de referendos, de acordo com a lei doméstica dos estados-membros.

A acta do Dia 25 de Outubro de 2000 no Parlamento Europeu

Quarta-feira, 25 Outubro 2000
ACTA
DESENROLAR DA SESSÃO 105
1. Abertura da sessão 105
2. Aprovação da acta da sessão anterior 105
3. Ordem do dia 105
4. Transferências de dotações 106
(...)
13. Reunião do Conselho Europeu informal de Biarritz (13 e 14 de Outubro de 2000) (votação) 110
14. Constitucionalização dos Tratados (votação) 111 (...)

O texto que foi a votos (vai para os comentários).

Os votos (Relatório Duhamel A5-0289/2000).

Pacheco Pereira votou contra. Votou. Reconheceu a legitimidade do documento e da votação. Resumindo, não foi você que pediu uma constituição europeia, mas foram representantes seus. E agora será você que a aprovará, ou não. Venha o debate.

PS: Sei pouco sobre o assunto e tudo o que está aqui foi fruto duma rápida investigação pela internet. Se não houver qualquer relação entre a Convenção e a votação acima descrita, peço que me avisem e que aceitem as minhas desculpas.

PS2: Li, noutras paragens, que o referendo deveria ter sido feito antes da convenção, de forma a eleger os constituintes. A ser verdade, é muito estranho que não tenha sido feito. Ah, e o meu argumento anterior perde grande parte do significado. Coisas da vida.

Dia de Portugal

Não que ligue muito a feriados ou a datas, mas reparei que hoje já fiz um comentário sobre a Europa.
Assim, vou tentar qualquer coisa sobre o dia de Portugal.

Paulo Portas é capa dos jornais.

Deco não joga.

O Fórum Social Português é a 15 minutos (a pé) da minha casa e podia passar pela sessão de encerramento.

Não me parece.

O conceito de Europa

O conceito geográfico terá aparecido pela primeiro vez no 5º século antes de Cristo, nos escritos do historiador grego Herodotus. A Europa como um conceito cultural - ou seja, uma civilização distinta, com uma história própria - começou a emergir de forma clara, apenas no século XVIII.
Podemos encontra ideias acerca duma Europa unida nos escritos de Maximilien Sully (1559-1641), Emmanuel Kant (1724-1804), William Penn (1644-1718), Jeremy Bentham (1748-1841), Jean Jacques Rousseau (1712-68) e Comte Saint-Simon (1760-1825). As concepções variam entre escritor. Por exemplo, para Sully a união consistiria de estados soberanos, para Kant consistiria duma união de estados enquanto que para Saint-Simon seria uma união de povos.

Fonte: Jones, R. (2001) The Politics and Economics of The European Union. Edward Elgar, Cheltenham and Northampton, MA.

Comprem IT's

Não leram aqui mas:

- a bolha está a passar
- o sector está em consolidação (fusões e aquisições)
- vem aí uma recuperação económica
- as empresas devem estar ansiosas por substituir equipamentos (idealmente teria acontecido dois anos após o Y2K, mas a recessão atrasou as coisas)

Fica o aviso: eu não percebo absolutamente nada disto.

No dia em que se falou da alteração do número de clubes nos dois primeiros escalões do futebol português (26 em duas divisões de igual número), este blogger fala da fusão de quatro clubes algarvios como forma de responder às dificuldades financeiras, às exigências turísticas da região e ao mega estádio que se está a construir. Não sei como é o caso do Algarve, mas tratar o futebol com questões meramente económicas é esquecer uma grande parte do fenómeno. O blogger reconhece-o quando faz a pergunta essencial: "há adeptos interessados?".

9.6.03

A RECESSÃO (técnica) ACABOU

Estamos fora do vermelho...



...mas nem por isso muto bem.

Notícia do dia

Sim, o Reino Unido ainda não vai aderir ao Euro. Já se sabia. Porquê? Bom, os ingleses são ponderados e não gostam de fazer as coisas à pressa. Além disso, parece que se houvesse um referendo agora, era rejeitado. Não é a melhor das alturas. Assim, vamos nós andando, que eles depois vão ter conosco.
Não digam a ninguém mas foi uma decisão política (ver comentários). Os critérios eram suficientemente vagos para isso... Mas isto não interessa para nada. Também não interessa que o Reino Unido queira participar na construção europeia sem absorver os custos desta mesma integração. O que interessa são as 38 toneladas do estudo, em 18 volumes, transportadas por 13 carrinhas. Quantas cópias? É irrelevante. Mas já que estamos numa de especulação, aposto que cabia num cd.

8.6.03

Mais clássicos

"It is not from the benevolence of the butcher, the brewer or the baker, that we expect our dinner, but from their regard to their own interest."

(Adam Smith 1776)

7.6.03

Durante quantos dias da semana são "anti-globalização"? (mercados financeiros)

Brad De Long: 2.
Calpundit: 3.
John Quiggin: 5.

Eu não respondo. Até porque o melhor é ler e aprender. Especialmente o fabuloso texto de De Long e o resumo deste paper, feito por Kieran Healy (que começou a discussão).

Para os mais apressados, citações para dar comichão aos ultra-liberais:

#1

Even more, I'm struck by the failure of the world's most sophisticated financial markets in their basic task, that of allocating funds for investment. Governments have wasted a lot of money on silly projects, but the dissipation of a trillion dollars in the space of a couple of years on valueless dotcoms and redundant optical fibre is a record that is not going to be matched any time soon. And as far as rent-seeking goes, the amount creamed off in this process by people whose contribution was entirely negative gives the Mobutus and Saddams of this world a fair run for their money.

#2

We all know what the benefits of open international capital markets are. Just like free trade in other goods, capital account liberalization means money flows where it’s needed, which makes for economic growth and development. We know this not just because of some verbal arguments, but because economists can write down a model of this process, and we can see it happening in the data. Right?
Wrong. A fascinating paper [pdf] by Pierre-Olivier Gourinchas and Olivier Jeanne shows that this isn’t the case at all. (This blog isn’t the New York Times, but in the spirit of full disclosure I should say that Pierre is a friend of mine.) They find that, for most countries, the average welfare gain from financial integration is only 1.24% of current consumption. This is tiny compared to the potential gains from increased productivity growth or a reorganization of the domestic market. Rather than helping them converge with developed economies, the best that capital mobility can do is to accelerate developing countries towards some steady-state (good, bad or very bad) largely determined by other factors.


#3 (do paper de Pierre-Olivier Gourincha e Olivier Jeanne)

less developed countries do not benefit greatly from international financial integration. Less developed countries have far more to gain from improving their own domestic allocative efficiency than from an improvement in the allocative efficiency of the international financial system.

Notas rápidas

Hoje escrevi aqui.

JPC saiu da Coluna Infame por uma questão estúpida. Ele tem razão quando diz que as palavras são muito importantes, mas esqueceu-se que também têm um contexto. É a birrinha típica do rapazito orgulhoso a quem chamaram filho da puta num jogo de futebol, e que por isso quer andar à porrada (ou deixar o jogo) porque chamaram puta à sua mãe (que coitada, até nem é puta). Exagerou. Onde é que ficou o riso que oculta a mais profunda tristeza, tão característico (segundo Pedro Lomba) do gentleman conservador*?

* Procurem REAL ABSOLUTO para o post em questão. A Coluna é pouco funcional.

5.6.03

Paper Extraordinaire (Blanchard e Tirole - Contours of employment protection reform)

Despite the heat and the rhetoric, we are struck at how little work has gone into the question of how "good employment protection regulation" should look like. Starting from the status quo, firrms and international organizations have argued for less protection. Workers and unions have fought to keep the protection they had. Governments have looked for politically feasible incremental reforms. But the ultimate goal, the shape of optimal employment protection, has been left undefined.

Não tenho muito tempo e por isso não li todo. Fica para não me esquecer.

A Polémica Wolfowitz

Nesta altura são duas polémicas, mas enfim. Fui lendo e estranhei, mesmo que fosse verdade, ele nunca diria o que foi noticiado. Entretanto, era importante analisar o que Wolfowitz realmente disse. Aqui fica uma citação esclarecedora.

Help me out here. Saddam and Kim Jong Il both live pretty comfy lives at the expense of their people. Loads of money. Saddam has oil, Kim Jong Il has nuclear weapons. Who is a greater danger to the U.S.? Why is the only possible option war? The neocons have no imagination.
Lesson: if you are a poor nation with a dictator for a leader, channel all resources towards developing a nuclear program if you want to avoid being bombed.
Yep, that will make the world safer.

(retirado dum comentário a este post)

Como é que se faz pressão económica a um país em que o líder não se importa com a vida do seu povo? Se a Coreia tem armas nucleares, não quereria ser eu a decidir um potencial ataque, mas o sinal da actuação americana no Iraque e na Coreia é esclarecedor (e assustador).

3.6.03

Melhor que os blogs políticos

Blogs de bola:

Caderneta da Bola
Curva
Terceiro Anel

Especial destaque para a historigrafia da bola iniciada pelo Terceiro Anel e pelo Caderneta da Bola. A rivalizar bem de perto com Os Estudos Sobre o Comunismo.

Construção Europeia

Uma pérola:

Em conferência na Faculdade de Economia do Porto, o Secretário de Estado dos Assuntos Europeus, defendeu que a falta de discussão pública, em torno destes assuntos, se prende com o facto de as pessoas acreditarem no projecto. Isto é, ao contrário do que possa parecer, os europeus não estão afastados da UE estão é crentes e confiantes no rumo que a Europa leva. Estão tão confiantes que preferem não se imiscuir na discussão.

Claro está...

A teoria de Friedman (Thomas)

Hence, 9/11. This is where the story really gets interesting. Because suddenly, Puff the Magic Dragon — a benign U.S. hegemon touching everyone economically and culturally — turns into Godzilla, a wounded, angry, raging beast touching people militarily. Now, people become really frightened of us, a mood reinforced by the Bush team's unilateralism. With one swipe of our paw we smash the Taliban. Then we turn to Iraq. Then the rest of the world says, "Holy cow! Now we really want a vote over how your power is used." That is what the whole Iraq debate was about. People understood Iraq was a war of choice that would affect them, so they wanted to be part of the choosing. We said, sorry, you don't pay, you don't play.

Dá uma leitura interessante.
(texto nos comentários)

Vital Moreira sobre o referendo

É sempre mais complicado do que parece.

2.6.03

Sem particular influência de Strauss, continuo a escrever aqui os clássicos:

“The diversity across countries in measured per capita income levels is literally too great to be believed. (…) I do not see how one can look at figures like these without seeing them as representing possibilities. Is there some action a government of India could take that would lead the Indian economy to grow like Indonesia’s or Egypt’s? If so, what, exactly? If not, what is it about the ‘nature of India’ that makes it so? The consequences for human welfare involved in questions like these are simply staggering: Once one starts thinking about them, it is hard to think about anything else.”

Robert E. Lucas, Jr., On the Mechanics of Economic Development, 1988