venda-se!

Um blogue de ensaio e erro sobre Economia.

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buzina

28.3.03

Estamos neste momento em verdadeiro boom bloguista em Portugal. A culpa é dos blogs políticos e da situação mundial, tão propícia a discussões. Há também alguns blogs com textos acerca da economia, especialmente política, o que é de saudar. Não faço, como tem sido prática comum, divisão ideológica na barra lateral. De qualquer modo fica aqui, de forma simples.
Direita: Coluna Infame, Contra a Corrente, Blogue dos Marretas, De Direita, Picuinhices, O Intermitente, Replicar, Valete Fratres!.
Esquerda: Blog de Esquerda, Cruzes Canhoto, O País Relativo, De Esquerda, Um Planeta Classe M.

Faltarão alguns que serão pontualmente adicionados à lista. O que a ciência económica nos diz é que a maior parte destes blogs não vai durar muito tempo. Para já ainda estamos no sempre competitivo período de boom inicial. Os retornos desta actividade serão eventualmente reavaliados e o tempo é um recurso muito escasso para alguns dos novos bloggers (será que vão haver fusões e aquisições?). Por enquanto é tudo óptimo. Alguns sérios, outros engraçados, muita polémica e discussão.

Com textos acerca de economia, há o De Direita, o Picuinhices, o Valete Fratres! e, por vezes, O Intermitente. Uma nota para o De Direita e o De Esquerda, ao que parece escritos pelas mesmas pessoas, que gostam de dividir as suas opiniões em categorias. Estranho. Outra nota para o Valete Fratres!, que cataloga os blogs da seguinte forma: Mundo Livre / Bloco (de Leste) / Não Alinhados. Este vosso humilde blog aparece na última categoria.
Só me resta dizer: Venda-se!, um blog do terceiro mundo.

26.3.03

Antecipando o problema com o Finantial Times

O artigo referido no post anterior está nos comentários.
Agora acabou mesmo.

25.3.03

Ambos os lados (no sentido lato) violaram a Convenção de Genebra

Se chegaram aqui do Intermitente, leiam este artigo. Por acaso não "estava a confundir duas coisas diferentes" (no que respeita à violação da Convenção de Genebra... que foi o que o Miguel disse. De resto, são bem diferentes).

Odeio esta "parte" da guerra e não volto a fazer posts destes. A informação nunca é certa e nada sei sobre este tipo de assuntos. Ah, e tenho de me começar a lembrar de colocar um aviso "não publique" nos mails. Hoje em dia toda a gente quer polémicas.

Já agora a questão do "cu de judas" era apenas acerca da guerra de informação nos blogs, ou seja, falsidades - por desconhecimento de causa ou de propósito. Dispensava a condescendência.

Se tudo correr bem, escreverei nos próximos dias acerca da publicidade. Um apanhado geral. Mas queria deixar uma pergunta: a publicidade altera as preferências dos consumidores? Vocês, por verem um anúncio, valorizam mais o bem? A publicidade a uma marca de sapatilhas é complementar às sapatilhas?
Havia mais perguntas importantes, mas o objectivo é ter a sensação se o argumento "a publicidade é boa porque as pessoas gostam, valorizam-na e estão dispostos a pagar mais por ela", não foi inventado por uma pessoa cuja emprego depende da existência de publicidade.
Somos todos consumidores, que acham?

O meu professor de Industrial II, quando chega a altura de falar do óptimo social, suspira. Talvez seja apenas porque é sempre o último ponto de cada aula. Talvez.

A guerra começou a semana passada. Antes da guerra ter começado a minha posição era, ainda que de forma moderada (leia-se BUSH < HITLER), contra. Sentia desconfiança acerca dos motivos para começar a guerra e acerca dos benefícios líquidos desta campanha. A ideia que tinha (muito vaga, como é de esperar...) é que haveria outras formas de atender a este problema, com menores custos e mais benefícios. A verdade é que não é uma questão económica (no sentido corriqueiro do termo), mas sim moral, e aí estou do lado democrático. Mas isto não chega. Tem que haver um critério, uma razão para atacar ou não atacar. Atacar este e não outro, hoje e não amanhã. Uma justificação do que se está a fazer (e Blair tem tentado...). Quando somos atacados esta justificação é muito fácil. Daí a fraqueza do conceito de ataque preventivo. É um alívio ver Blair a falar do regime change e do verdadeiro objectivo ser acabar com os DMD (dictators of mass destruction). Resta saber se a guerra é mesmo a melhor forma de o fazer. Ainda neste ponto, sempre pressupondo que é apenas o dever moral que move as pessoas que decidiram esta guerra, podemos aplicar um critério de custo-eficácia: menor número de mortos por maiores benefícios. O Iraque, um regime ditatorial há muito dimínuido, entraria no conjunto de países mais em conta. Uma espécie de libertação dos trezentos. Só não gostava nada de ser eu a ter que tomar a decisão.
Entretanto a guerra já começou e os meu desejo é que acabe depressa, de preferência com Saddam a render-se (se me estás a ler, anda lá rapaz). Não sei como vai ser a seguir e só espero que não se cometam os erros do passado. Esta história deixou bem claro que não há santinhos na política, por isso não me peçam para acreditar na santidade dos que reclamam ter clareza moral. Bush assume uma postura messiânica (é ler algumas citações...), e eu fico assustado.

22.3.03

Richard Tomkins no FT: No logos on the battlefield

21.3.03

Money Money Money

Incomodam-me aquelas bocas a guerra começou e as bolsas sobem.... Para que se perceba: os mercados só começaram a subir depois do início da guerra porque começaram a antecipar o final da guerra. Antecipam a paz, a estabilidade. Essas coisas boas para os negócios. Vamos lá cambada. O mal não mora ali...

Há claro quem diga que os mercados estão com expectativas demasiado optimistas acerca da conclusão da guerra (ver futuros do petróleo). Ou que a bolha especulativa, isto é, os mercados terem crescido tanto (de forma artificial) no final dos anos 90, e que levou à queda recente das principais praças mundias*, ainda não foi completamente eliminada. Pelo que talvez ainda não seja desta que teremos recuperação bolsista.

* Também houve o 11 de Setembro. Mas há quem defenda que as bolsas iam cair à mesma...

20.3.03

Em relação ao texto de Sarsfield Cabral, comentado no Intermitente.

É bonito ver este senhor a confundir investimento público com a construção de casas (quanto ao euro 2004 já estamos de acordo, mas agora já são custos afundados..). A redução das despesas de Investimento público, que foi e é essencial para conseguir os valores desejados para o défice, é indesejada. E devia ser para qualquer economista, de qualquer campo ideológico.
Portugal, localizado na periferia da Europa, está fortemente dependente das suas redes. Dos transportes à comunicação, são essenciais para conseguir um crescimento baseado nas exportações. O Keynesianismo defende que, em períodos de recessão se deve aumentar os gastos públicos para atenuar dificuldades privadas. Isto estimula o Consumo Privado (Se as famílias estão sobre-endividadas era boa altura para se pagarem as dívidas. Não era bom para a economia? Os bancos agradeciam.). Assim, se estes gastos forem focalizados para a modernização do país, este ficará mais atractivo para o investimento e para o sector privado. Eu concordo com a urgência das reformas da Justiça e da Administração Pública, mas é importante dizer que só se reduziu o investimento público porque teve mesmo que ser. E eu bem preferia que se tivesse cortado na despesa corrente, especialmente nos salários. Acho que o Estado devia assumir uma outra postura, se ter empregados estatais a mais é uma espécie de acção social, há outras formas (melhores) de o fazer, através de subsídios e transferências às famílias e também às empresas, via corte de impostos (teoricamente há espaço para os dois). Ou seja, sem impor os custos de burocracia e ineficiência que hoje se assistem em parte da função pública.
Quanto ao Keynesianismo, ao que parece foi bonito. Houve até quem sonhasse com a eliminação dos ciclos económicos, através duma mistura de política monetária e orçamental. Entretanto, o Keynesianismo falhou redondo no primeiro choque do petróleo (descobriu-se que existia uma coisa chamada Oferta que também era importante) e há muito que foi desconstruído. Mas a má vontade primária, essa fica para sempre.

PS: Podem notar alguma fé da minha parte na intervenção pública. A sensação que tenho - bem ensinado pela teoria de Public Choice - é que a melhor forma do estado de intervir na Economia ainda não foi aplicada. Ou seja, grande parte do que aconteceu até agora tem sido efectuado por incompetentes (calma, estou a exagerar). Certos liberais reclamam que esta razão é mais que suficiente para pôr de lado esta conversa (eles estão a falar do governo. não de todo o governo, mas na economia estão perto disso). A questão é que eles é que têm uma fé desmedida na mão invisível do mercado, que está neste momento tão descredibilizada como o modelo soviético. Nada melhor que assumir que cada caso é um caso, cada situação requer uma abordagem específica e depois somar tudo e ver o que dá.

PS2: Mais logo há uma conferência na minha faculdade com o Ministro da Economia. O tema é "A Reforma Económica em Portugal". Quem já viu, noutra faculdade, diz-me que é *apenas* acerca da criação de condições para um crescimento de Longo Prazo, na linha do que Sarsfield Cabral referiu. Resta saber se é porque tem que ser, ou é apenas o "melhor" que eles podem fazer. Aposto na última.

19.3.03

Finalmente! Preços da gasolina liberalizados! Viva o Abel Mateus!
Não sei muito acerca do assunto, mas há quem me diga (quem sabe) que se tem verificado uma situação de conluio tácito com esta história dos preços máximos. Ou seja, é de esperar que o preço da gasolina desça um pouco, pelo menos quando acabar o conflito no Iraque.
E agora, ainda serve de desculpa para aumentar os passes sociais e as tarifas dos táxis? Vá lá, porque é que não dizem a verdade, não há que ter vergonha.

18.3.03

Os nossos elefantes brancos:

- Projecto de Sines
- Barragem do Alqueva
- Euro 2004

Média de um em cada 10 anos. Burros.

17.3.03

Tenho estado a fazer um pequeno trabalho acerca da União Europeia. É suposto analisar a União através da teoria dos clubes. Um bem de clube é um bem em que existe possiblidade de exclusão e não rivalidade de consumo. Pensem num country club inglês, essa bela instituição do estilo de vida britânico. Segundo esta teoria, pressupõe-se que o clube (a UE) terá um tamanho óptimo, e que haverá uma altura em que certos membros retirarão menores benefícios que os custos que têm que comportar por pertencer ao clube. O melhor para estes será pertencer a outro clube, claro. E é desta reflexão que surgiu os parágrafos que se seguem.

Não tem sido muito usada, mas em relação ao alargamento, bem como à integração europeia, eu sou a favor da abordagem de integração paralela. A ideia é criar vários blocos com níveis diferentes de integração (económica, política, o que quiserem...) mas que não compitam entre si. Imagine-se por exemplo o Reino Unido a sair da União Europeia e a aderir a NAFTA, mas passando a NAFTA a pertencer a uma união económica com os países que formam a União Europeia. Imagine-se todos os países que queiram aderir à União Europeia a pertencer primeiro à EFTA, também com fortes ligações económicas à UE, mas funcionando como uma espécie de equipa-B para a adesão. A ideia seria clarificar as coisas e não andar sempre a reboque do membro mais reticente, como tem acontecido (até se ter descoberto a palavra "subsidiariedade" e um coisa estranha chamada "geometria variável"...); sempre com os conflitos que daí advêm. É importante referir que teria que subsistir mobilidade entre estes blocos (bem, na UE seria a n´veil de custos mais complicado) e que estes não existiriam em conflito entre si. O conjunto de países que formaria a União Europeia (com constituição e tudo) pouco tem a ganhar se for antagónico com os Estados Unidos (ou com o outro bloco) e a melhor forma de cimentar isto mesmo seria integrar gradualmente as economias dos dois blocos, com abolição das tarifas alfandegárias, liberdade de estabelecimento, etc, etc...

Um pouco acerca da União Europeia

Muitos passos em falso nesta questão do Iraque. Alguns gostariam que a União Política ficasse para sempre posta de lado, o que até vai acontecer nos próximos tempos, consequência não apenas desta questão recente, mas uma inevitabilidade do alargamento que aí vem. Mas o objectivo político está presente deste a criação da Comunidade do Carvão e do Aço e tem sido desde sempre manifestado através do processo de integração funcionalista, em que os objectivos económicos, descompassadamente implementados, são largamente justificados por objectivos políticos. É isto que temos hoje em dia e é dum valor incalculável. Até o Reino Unido vem lá atrás.

16.3.03

Chega-te para lá!

O Bloco de Esquerda quer chegar a mais eleitores e está em processo de renovação. O documento, que ainda não li, é este. No entanto, pelo que li no Expresso o sentido é de deixar os extremismos e renegar algumas origens. Fico à espera dos resultados.

Se quiserem ver este assunto duma perspectiva económica, podem pensar no BE como um chulo, nas suas políticas como prostitutas, e no espectro político como uma main street; rectilínia ou circular, nos modelos de diferenciação de produtos de Hotteling e Salop, respectivamente. Dá outra perspectiva acerca deste assunto, acerca dos interesses dos políticos e da Política.

A perspectiva económica é sempre a mais porca.

Menos de um por cento

Poderá parecer um preciosismo inútil, mas muito me incomoda o (mau) uso de percentagens para reforçar um argumento. Não sou grande romântico acerca dos números seguidos do simpático símbolo, o que eu vou criticar também já fiz, embora não para pesar artificialmente os meus argumentos. De qualquer forma, com tantos e bons adjectivos, porquê usar as percentagens sem rigor? A numeração arbitrária é uma chatice, infelizmente até em estudos "objectivos" está presente, mas não vejo razões para facilitar. Assim, quando vi o nosso primeiro a dizer que a probabilidade de não haver guerra é menor a 1% eu só me podia lembrar - ainda que com manifestas diferenças de nível - dum debate acerca da educação das crianças que tive a infelicidade de assistir. Nesse debate, Margarida Rebelo Pinto manifestou uma sua profunda convicção - levantando a voz e aquele pescoço - assim: "tenho a certeza que 95% da educação do meu filho, sou eu que a dou". À primeira vista, é de suspeitar aquele número, parece que o filho não terá lá muita educação, mas o problema não acaba aí. Porque não 94% Margarida? Seria algo completamente diferente? Tens os dados contigo? E tu Durão? Achas que alguém ficou impressionado? 1% é realmente pouco... foi quase uma declaração de guerra, mas não podia ser 1,5%? Credo, 5%?
É que quem não está preocupado com as palavras dificilmente está preocupado com as ideias. E lá se vai a superioridade moral toda.

13.3.03

Funcionários Públicos

Confirmam-se aumentos salariais pequenos (ou inexistentes... para alguns até nominalmente). Nada se faz em relação à progressão automática das carreiras.
Em vez de se resolver um grave problema estrutural (e absolutamente incrível!), faz-se um pequeno ajustamento ao ciclo.
Até para o ano.

Isto parece boa ideia:

Teixeira dos Santos garantiu que a CMVM "vai continuar a pressionar as empresas cotadas, tornando progressivamente obrigatórias algumas das recomendações actuais", numa "postura de inconformismo permanente". Entre as novas recomendações a lançar pela entidade de supervisão estará a divulgação da remuneração individual dos administradores, a criação de conceitos como o de "administrador independente" - cuja definição a CMVM pretende encontrar -, a obrigatoriedade da existência de um "sítio" que disponibilize informação sobre a empresa e de um regulamento interno do conselho de administração. Teixeira dos Santos adiantou, também, que a CMVM irá rever a redacção de algumas das recomendações existentes, tornando-as mais taxativas, e permitindo uma avaliação mais objectiva do seu grau de acatamento. A CMVM entende, ainda, que os processos de decisão, a política de dividendos e de "stock options" são outras das regras que devem ser de divulgação obrigatória por parte das companhias cotadas.

Os sindicatos de investidores (fica o esquerdismo ahah) referidos por António Borges, explodiram nos E.U.A. depois dos escândalos do ano passado e serão cada vez mais importantes no futuro.

Já agora, o PREC vai recomeçar! na sonae...

12.3.03

Se chegaram aqui depois duma marretada, estes são os posts a ler:

1.
e
2.

Vão reparar diferenças entre o post e o mail apresentado no blog dos marretas. O que aconteceu foi que mandei acidentalmente (literalmente...) um primeiro mail, com erros e sem explicar bem o que queria. Pouco depois - uns minutos - mandei outro, igual ao que está no blog. Eles escolheram o primeiro.

Esperem lá, toda a esquerda acha que o PREC foi uma boa ideia! Somos todos iguais, comos os pretos e os chineses.

Ando à procura dum post em que tenha dito que o PREC foi uma boa ideia.

Friedman tem mais um altar, depois dos países de leste, chegou a vez do Valete Fratres.

Veja-se a citação:

"When a man spends his own money to buy something for himself, he is very careful about how much he spends and how he spends it. When a man spends his own money to buy something for someone else, he is still very careful about how much he spends, but somewhat less what he spends in on. When a man spends someone else's money to buy something for himself, he is very careful about what he buys, but doesn't care at all how much he spends. And when a man spends someone else's money on someone else, he doesn't care how much he spends or what he spends it on. And that's government for you."

É claro que se em vez de "government" tivesse "governance" (tanto a corporate como a government) estaria muito mais correcto.. os custos de agência (ENRON, WORLDCOM, AHOLD - surpresa!) - também existem no sector privado.

Ah pois, só a má vontade é que há em todo o lado.

Imigração no Valete Fratres

Entretanto o nosso ministro de Direita, Paulo Portas, declara que Portugal não tem condições para acolher muitos mais imigrantes - o que não sendo errado dum ponto de vista formal - é uma afirmação irresponsável numa altura em que se adivinham problemas sociais (pois é, a culpa não é dos imigrantes...). Isto tem sido discutido com maior pormenor aqui.

Fui acusado de esquerdista no Blog dos Marretas. Agora vou ter que pensar nisto. Mas se for esquerdista, de que tipo sou? Eles não disseram... Extrema-esquerda capaz de incendiar a embaixada de Espanha? Será que em Novembro de 1975 participaria numa luta armada contra a Democracia em Portugal? Ou optaria pelo regime democrático? Eu que já estava tão ocupado com a coisa da economia...
De qualquer forma a ideia do mail - pouco pensado, sei que naquele blog seria invariavelmente gozado - era que Mário Soares foi um dos principais factores que impediu a guerra civil em Portugal, enquanto que os E.U.A. já preparavam uma intervenção belicista para combater o PREC. Do pouco que sei (infelizmente falta-me idade para saber mais do assunto... Se houver erros é favor dizer) penso que a carta dos Nove foi essencial para acabar com o processo revolucionário e até que o Partido Comunista nos momentos finais declarou-se a favor dum regime democrático em Portugal. Não foi preciso bombardear a baixa de Lisboa como no filme que adaptava um conhecido romance chileno. Era só isto. Um paralelismo com a situação de Soares e os E.U.A. agora e na altura, como eles fizeram.

A pior pergunta que nos podem fazer numa entrevista de emprego é:

Porque foi para Economia?

Alguma justificação brilhante?
Porque foram para Economia?

11.3.03

Pacheco Pereira disse recentemente que os interesses económicos têm matado muito menos gente que as convicções políticas. Estamos todos de acordo. Pareceu no entanto que isto serviria para refutar alguns dos argumentos daqueles que são contra a guerra, segundo os quais, interesses económicos estariam por trás da intervenção.
Não concordo. Penso que será praticamente consensual que o pior - para a economia - deste conflito é a incerteza que se tem gerado e que do ponto de vista económico será preferível resolver a situação de forma pacífica. No caso de não ser possível a via pacífica (que poderia ser demorada mas pelo menos credível), espera-se uma guerra curta e o mais cedo possível. Ora vejamos...
Estimativas do FMI revêm o crescimento mundial em baixa em caso de guerra prolongada (a guerra pode nem ser prolongada mas a prudência só ajuda). Neste mesmo texto vem uma revisão para baixo do crescimento americano. Ao mesmo tempo, economistas nos E.U.A. alertam para as dificuldades orçamentais que o governo dos Estados Unidos poderá enfrentar devido à guerra e possíveis consequências para a economia.
A questão é então que interesses económicos estão aqui a ser defendidos? É que se for esta a razão do ataque, não há diminuição de impostos sobre os dividendos e capitalização bolsista das empresas que obterem contratos no Iraque, que compense a população americana caso aconteça mesmo uma recessão.
E faltam claro os iraquianos mortos. Se estes tiverem que morrer, que seja pela Democracia, porque os interesses económicos neste caso não ficaram nada bem explicados.



Comecei a ler "Whiter Socialism?" de Stiglitz.
Para já fica a tese do livro. Parte da constatação de que se a teoria neo-clássica explicasse de forma correcta o funcionamento da Economia, o socialismo de mercado - ou seja, uma economia de mercado replicada por um governo central (o bem conhecido central planner) - poderia atingir a mesma eficiência que uma economia de livre concorrência. É uma posição antiga, já defendida pelo economista marxista Oskar Lange, que despotelou o debate Lange-Lerner-Taylor-Hayek - com Hayek no caminho certo... mas não formalizando nem atingindo a verdadeira dimensão do problema. Ainda assim, Hayek argumentou que a diferença entre os dois sistemas estaria na capacidade de processamento de informação entre os dois tipos de mercado.
Stiglitz afirma que o falhanço do socialismo de mercado deveu-se em parte à existência de défices de informação e à inexistência dos incentivos correctos nos agentes económicos. A questão é que estes défices de informação e esta falta de incentivos não são assim tão diferentes do que se verifica na economia de livre concorrência. A conclusão é que nenhuma das teorias está certa. Que a teoria neo-clássica não explica de forma satisfatória a economia dos países ocidentais. E que o falhanço das economias socialistas é uma pista disto mesmo.
Stiglitz prossegue explicando as falhas da teoria neoclássica (entre outras: externalidades e bens públicos, não há um número completo de mercados, presume-se inexistência de inovação). Estranha depois os esforços por parte dos economistas em refinar e aprofundar uma teoria errada, e propõe-se a contribuir para uma nova teoria que leve em conta os processos do mercado na aquisição, transmissão e processamento da informação. É o que é suposto acontecer nos próximos cinco capítulos.

Nota: O número elevado de links deve-se à descoberta desta excelente página acerca da História do Pensamento Económico.

8.3.03

Depois da França

Last week The Economist quoted an American diplomat who warned that if Mexico didn't vote for a U.S. resolution it could "stir up feelings" against Mexicans in the United States. He compared the situation to that of Japanese-Americans who were interned after 1941, and wondered whether Mexico "wants to stir the fires of jingoism during a war."

Incredible stuff, but easy to dismiss as long as the diplomat was unidentified. Then came President Bush's Monday interview with Copley News Service. He alluded to the possibility of reprisals if Mexico didn't vote America's way, saying, "I don't expect there to be significant retribution from the government" — emphasizing the word "government." He then went on to suggest that there might, however, be a reaction from other quarters, citing "an interesting phenomena taking place here in America about the French . . . a backlash against the French, not stirred up by anybody except the people."

And Mr. Bush then said that if Mexico or other countries oppose the United States, "there will be a certain sense of discipline."




E finalmente, uma brincadeira para conferir as consequências para aqueles lados do tacto político de Bush.

Fox: Hola, George, my friend, habla Vicente Fox.

Bush: Hello, Vicente. ¿Cómo está la "pareja presidencial feliz", perdón la presidenta, je, je, je, mejor dicho, cómo está la señora Marta? Dile a Martita que la busqué varias veces la semana pasada para conversar sobre Irak y que no me tomó las llamadas. Je, je, je. Me sorprende que me llames, especialmente después de las amenazas que te lancé esta semana. Ya sabes, amigo, que debes apoyar a tu vecino en esta guerra contra Hussein.

Fox: De eso mismo quería hablarte, Georgito. Quería, de hecho, pedirte de nuevo que me volvieras a amenazar o por lo menos que tu cuate, el embajador Tony Garza, hiciera unas declaraciones intimidatorias a los medios mexicanos. Y preferible lo más pronto que se pueda.

Bush: ¿What? ¡No entender! ¿Quieres que te amenace? ¿Are you crazy?

Fox: No, amigo, al contrario, estoy muy sanito. No sabes el favor que me hiciste en amenazarme con represalias y actos "disciplinarios" si es que México no te apoya en tu locura de atacar Irak. No sabes cómo se alborotó el avispero político gracias a tus comentarios, todos los partidos condenaron la amenaza y me exigieron a gritos que no me arrodille ante ti y tus deseos bélicos. De hecho, uno de los partidos sacó una pauta política, condenando tu guerra, usando como imágenes fotografías del holocausto de la II Guerra Mundial, tal vez exageradita la comparación, pero con eso te das cuenta del sentimiento antiguerra al que me enfrento en este momento. Entonces, no me queda de otra que mantenerme firme y rechazar tu decisión.

Bush: ¡What! ¿Cómo puedes hacerme eso, my friend?

Fox: Pues, retefácil. Hombre, se ve que tú también reprobaste el curso de diplomacia para principiantes. En primer lugar, al hacer públicas tus amenazas, me acorralaste en un rincón en el que me pones en una situación imposible de apoyarte. Cualquier mandatario, con un poquito de orgullo y corazoncito, no se deja amenazar por uno extranjero. Menos un macho mexicano botudo y bigotudo como yo, y si no, que mi señora te lo confirme. Mucho menos puedo apoyarte en un año de elecciones intermedias, en donde más de 80% de la población, según las encuestas, está en contra de tu guerra. Lo peor es que tal vez hubiera yo buscado la forma de apoyarte, my friend, si por lo menos me hubieras prometido algo a cambio. A los turcos les prometiste un paquete financiero de 30 mil millones de dólares. ¿Y a México qué? Ni siquiera me diste una pequeña esperanza de que ustedes estuvieran dispuestos a considerar un acuerdo migratorio. Pero lo más importante, mi amigo Bush, es que cuando yo vote en contra de tu resolución, que te daría permiso para atacar Irak, voy a recibir un boom político aquí en México, y en el mundo, por haberte enfrentado tan "valientemente". Mis bonos se incrementarían porque sería el modelo del héroe pacifista que se lanza a la defensa de la soberanía nacional. Quien sabe, a la mejor hasta los franceses nos... perdón, me dan una que otra medallita o condecoración y con lo que a Marta le gusta salir de viaje.

7.3.03

Mais gráficos feios!

Os industriais, empresários da construção e comerciantes estão menos pessimistas.



Eu sei que estes números para a confiança não têm qualquer significado cardinal (são apenas saldos de respostas acerca das expectativas), mas é de ficar desiludido. O título desta notícia era "Indicadores de confiança recuperam", estão a ver aquele pedacinho na ponta?

França testa sanções

Ontem à noite, Francis Mer, titular da pasta das Finanças francês, terá desafiado, uma vez mais, junto dos seus congéneres, as regras inscritas no Pacto de Estabilidade, nomeadamente o tecto de 3% do PIB para o défice público. As estatísticas francesas confirmaram ontem a suspeita de que o défice em 2002 teria ficado «fora de pé», em cerca de 3,19% do PIB e, no mesmo dia, o ministro do Orçamento anunciava que o défice em 2003 derrapará até 3,4%, uma revisão em alta de oito décimas.

E um dedinho no rabo?

Straight off the boat, where to go?
Calling on in transit, calling on in transit
Radio Free Europe

6.3.03

Como nem tudo é terrível:

Evolução do emprego no comércio a retalho

É claro que a taxa de desemprego é pouco interessante. Aliás, olhar para a taxa de desemprego é derrotista e não permite resolver o problema que criou esse desemprego, apenas para o atenuar. A haver políticas e ideias acerca deste assunto elas devem ter como indicador referência a taxa de variação homóloga do Emprego (E uma carrada de outros indicadores, enfim. Mas não a taxa de desemprego).

Assim vai o Emprego na Indústria:



Merda.

Robert Fisk: How the news will be censored in this war

Não é disto que nos querem defender?

5.3.03

Uma previsão: o desemprego em Portugal vai chegar aos 10%.



É claro que em Israel se pensa que uma boa forma de acabar com os atentados palestinianos é acabar com os palestinianos. Povo teimoso estes judeus. Podiam aprender com os americanos. Afinal de contas, não há nada como enriquecer os inimigos, com democracia e bem-estar. Na Palestina, metade da população activa está no desemprego, 60% da população vive com menos de 2$ por dia, em parte porque se encontra confinada aos limites impostos pelas autoridades israelitas, ou seja, impossibilitados de trabalhar em Israel. Ao verem os seus bens (cidades inteiras) destruídos diariamente e sem quaisquer hipóteses de futuro alguém vê melhor saída que o fundamentalismo islâmico? Do outro lado, eu não quero acreditar que o povo israelita está desolado e desesperado ao ponto de concordar com a forma de Sharon para acabar com os seus problemas, a pior para o imaginário Judeu. Eu acredito que eles ainda são capazes de ver outra saída...

A RECICLAGEM É MÁ PARA A ECONOMIA

Falando mais do ambiente. Neste blog vem um link para um artigo acerca deste assunto. O título é pomposo: "A RECICLAGEM É MÁ PARA O AMBIENTE". Fiquei curioso e li. O que diz o texto está bem longe da indicação do título e parece uma daquelas manobras jornalísticas bem conhecidas. Afinal, a tese é que reciclagem é má para a Economia. Isto porque há hoje em dia métodos mais sofisticados de incineração - não em Portugal certamente - que são mais baratos que a reciclagem e menos onerosos para o Ambiente. A ideia é boa e desejável. Sempre se disse que a Reciclagem não servirá para tudo, devido a custos de transporte em áreas longínquas, às especificidades de alguns dos produtos a ser reciclados ou aos custos (inclusive ambientais) da própria actividade de reciclagem.
No entanto, por princípio a reciclagem ainda é melhor que a incineração. Os argumentos ali apresentados indiciam uma complementaridade entre a reciclagem e a incineração em países como a Suécia, mas isso não implica que a primeira seja má para o ambiente, nem que se possa aplicar no Reino Unido (onde há pouca reciclagem). Também Portugal ainda está muito atrasado e sofre os efeitos da incineração mal feita (e não feita).
Que ninguém pense usar os argumentos referidos no artigo para acabar com a separação de lixo, porque por agora, a alternativa são as lixeiras.
Já agora, todos deviamos saber que em relação aos "programas de reciclagem" das autarquias, há relatos de que a separação de lixo por parte dos munícipes vai toda para o mesmo sítio (a lixeira). Ou seja, que se publicita e "finge que faz" apenas para agradar e até para cobrar mais (umas taxas de defesa do ambiente, investiguem se pagam... investigam o que fazem ao lixo reciclado no vosso município, é uma maneira interessante de passar uma tarde). É uma pena. Se calhar os autarcas sempre souberam que a reciclagem só serve para conquistar votos e estão a deixar o lixo em pousio para ser apropriadamente destruído pelo novo método de incineração.

Nova Jazida de Petróleo Descoberta em Território Rebelde da Colômbia

Ena, se calhar já não vai ser preciso explorar as reservas da zona protegida do Alasca. Bush já tem mais alternativas e poderá manter que o "ambiente é importante mas não pode condicionar o nosso crescimento" - o que não é assim tão mau, pelo menos já não refere o "modo de vida americano" (Filho 1, Pai 0). De qualquer forma, e face à oposição interna à exploração de petróleo naquela área do Alasca, parece muito mais fácil para os EUA ajudar a dizimar os rebeldes colombianos (que são uns chatos sanguinários) e permitir o desaparecimento colectivo do que resta dos índios (que não é novidade nenhuma para aqueles lados e que devia dar dores de cabeça aos liberais defensores das transacções legítimas de Nozick - pena que não dê...). Eu preferia a destruição do Alasca, a destruir alguma coisa. E já agora podiam também ver-se livres do Steven Seagal, bem a propósito.

O Futuro

Vejam vocês!