Pacheco Pereira disse recentemente que os interesses económicos têm matado muito menos gente que as convicções políticas. Estamos todos de acordo. Pareceu no entanto que isto serviria para refutar alguns dos argumentos daqueles que são contra a guerra, segundo os quais, interesses económicos estariam por trás da intervenção.
Não concordo. Penso que será praticamente consensual que o pior - para a economia - deste conflito é a incerteza que se tem gerado e que do ponto de vista económico será preferível resolver a situação de forma pacífica. No caso de não ser possível a via pacífica (que poderia ser demorada mas pelo menos credível), espera-se uma guerra curta e o mais cedo possível. Ora vejamos...
Estimativas do FMI revêm o crescimento mundial em baixa em caso de guerra prolongada (a guerra pode nem ser prolongada mas a prudência só ajuda). Neste mesmo texto vem uma revisão para baixo do crescimento americano. Ao mesmo tempo, economistas nos E.U.A. alertam para as dificuldades orçamentais que o governo dos Estados Unidos poderá enfrentar devido à guerra e possíveis consequências para a economia.
A questão é então que interesses económicos estão aqui a ser defendidos? É que se for esta a razão do ataque, não há diminuição de impostos sobre os dividendos e capitalização bolsista das empresas que obterem contratos no Iraque, que compense a população americana caso aconteça mesmo uma recessão.
E faltam claro os iraquianos mortos. Se estes tiverem que morrer, que seja pela Democracia, porque os interesses económicos neste caso não ficaram nada bem explicados.
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