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aputadasubjectividade
Pop Chula
buzina

16.3.03

Menos de um por cento

Poderá parecer um preciosismo inútil, mas muito me incomoda o (mau) uso de percentagens para reforçar um argumento. Não sou grande romântico acerca dos números seguidos do simpático símbolo, o que eu vou criticar também já fiz, embora não para pesar artificialmente os meus argumentos. De qualquer forma, com tantos e bons adjectivos, porquê usar as percentagens sem rigor? A numeração arbitrária é uma chatice, infelizmente até em estudos "objectivos" está presente, mas não vejo razões para facilitar. Assim, quando vi o nosso primeiro a dizer que a probabilidade de não haver guerra é menor a 1% eu só me podia lembrar - ainda que com manifestas diferenças de nível - dum debate acerca da educação das crianças que tive a infelicidade de assistir. Nesse debate, Margarida Rebelo Pinto manifestou uma sua profunda convicção - levantando a voz e aquele pescoço - assim: "tenho a certeza que 95% da educação do meu filho, sou eu que a dou". À primeira vista, é de suspeitar aquele número, parece que o filho não terá lá muita educação, mas o problema não acaba aí. Porque não 94% Margarida? Seria algo completamente diferente? Tens os dados contigo? E tu Durão? Achas que alguém ficou impressionado? 1% é realmente pouco... foi quase uma declaração de guerra, mas não podia ser 1,5%? Credo, 5%?
É que quem não está preocupado com as palavras dificilmente está preocupado com as ideias. E lá se vai a superioridade moral toda.