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Um blogue de ensaio e erro sobre Economia.

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buzina

31.1.03

Portagens

Hoje houve buzinão contra as portagens. Não sei quem são estas pessoas que pensam que andar de carro é um direito que justifique proceder desta forma face a um aumento de portagens. É de mais óbvio que os condutores não internalizam os custos que causam à sociedade, desde a poluição atmosférica ao congestionamento nas cidades. Não falo acerca de números (porque não os tenho) mas sim de mentalidade. Além disto, estas pessoas são as mesmas que estacionam em cima dos passeios para não pagarem parque (também pensam que têm direito a estacionamento gratuito à porta do emprego), que param o carro em segunda fila nas vias mais complicadas e que realizam de vez em quando uma manobra perigosa (não se preocupem, eles estão a controlar). A lista podia continuar, o meu comportamento preferido é ver a janela a abrir ligeiramente e sair de lá um bocado de lixo directamente para a via. Típico.
Estas pessoas podem sempre argumentar que pagam impostos, mas para o comportamento que tenho visto (eu também conduzo), não pagam o suficiente. De qualquer forma, muitos portugueses pagam impostos e um residente em Beja não tem que suportar os custos de congestionamento que a actividade dum condutor lisboeta causa na sociedade.
Pagar portagens apenas para resolver o problema do défice também está errado, mas sempre podia pôr alguns destes condutores a pensar no mal que causam, nomeadamente em Lisboa, e a procurar soluções para isto. Não vejo grandes resultados para já, as reinvidicações continuam a passar todas pela equação "mais estradas e menos portagens", mas realmente buzinar é bem mais construtivo.

Movimento Pós-Autista para a Economia

"We, economics students of the world, declare ourselves to be generally dissatisfied with the teaching that we receive."

Isto é relativamente importante. Li os manifestos e pensei um pouco se este problema alguma vez se pôs desde que entrei no curso. De modo geral, todos os items se verificaram.
Não tenho uma visão tão radical quanto a alguns dos elementos referidos (que os estudantes de economia estão a abandonar a ciência por que esta lhes está a falhar), mas é bom saber que há alguém a preocupar-se com a evolução da Economia.

Os homens de moral não têm lugar na política. Mas este blog é acerca de economia.

30.1.03

E depois isto, ridículo.

Guerra

Não discordo por princípio de Portugal dar apoio ao senhor Bush. Numa situação ideal a Europa e os Estados Unidos deveriam estar sempre de acordo acerca do que fazer no mundo, especialmente porque eles são mais fortes e se estivermos todos de acordo é mais provável que se esteja a fazer algo bom (pelo menos para nós, Europa). Ou seja, desde que seja algo correcto, o acordo é essencial. Mas aqui é que falha, qual é o objectivo de fazer uma declaração de apoio à guerra antes da apresentação das provas de que a guerra é necessária? Temos que ter consciência que o preço a pagar por uma guerra são vidas humanas, ou seja, um preço incalculável que poderia ter sido evitado de outras formas. Há sempre outra forma quando não se trata de legítima defesa.
Há aqui um paralelismo com a ciência económica, nomeadamente em relação à pena de morte. O custo duma vida humana é incalculável, isto significa que só faz sentido matar um criminoso quando se tem a certeza absoluta da necessidade desta pena. Passa por provar que ele é culpado e por provar que é uma ameaça à sociedade se não o eliminarmos. Os custos deste processo (considerando os custos de decisão e a vida do homem) são exponenciais e menores que quaisquer benefícios que traria a morte do criminoso. Não pensei num possível efeito sinalização que a pena de morte poderá transmitir a outras pessoas, mas à primeira vista parece-me errado. Vou investigar em livros de Análise Económica do Direito.
Voltando à guerra preferida de todos nós, não acatar as resoluções da ONU é um argumento forte, mas não pode por si só ser razão para guerra (até os EUA já desrespeitaram resoluções em relação ao Hawaii por exemplo, enquanto que Israel está farto de o fazer). Compreendo que haja situações diferentes em cada caso, mas também compreendo que não há petróleo em todo o lado.
Por tudo isto fico um pouco triste que o nosso primeiro ministro tenha assinado esta parvóice, depois de ter dito que iria esperar pelas declarações dos inspectores. Ele esperou, mas estas declarações não convenceram ninguém que estivesse com dúvidas... Espero por Powell dia 5. Dormirei melhor se o ataque tiver uma base forte por trás.

Alguns sites de interesse:

neteconomia
Blog de Esquerda
Coluna Infame